quinta-feira, 22 de agosto de 2013

A incrível arte de não terminar minhas crônicas




Sou um apaixonado por crônicas. Muito. Leio, releio, destrincho e as escrevo também. E, quando é minha a responsabilidade da literatura descomprometida, utilizo um sem-fim de recursos para a inspiração: vale conversar com os amigos, folhear os livros e cadernos de faculdade atrás de assuntos e, acreditem, até pedir ajuda aos contatos do Facebook. Minha crônica do Opala, por acaso, saiu assim: de uma sugestão facebookiana.

A verdade é que escrever é pra todos. Alguns mais, outros menos. É pra todos, mas nem sempre em todos os momentos. Tem horas que nada sai. Nos meus arquivos tenho, pelo menos, vinte crônicas inacabadas – ou mal começadas, como queiram. Não as termino. Não consigo, nem buscando referências nos meus cronistas favoritos, como o philosopho Eduardo de Almeida Reis, que escreve “prum mundo de lugar”, ou como José Antônio Resende, meu antigo e fodástico professor do curso de Letras, na UFSJ.

E não adianta. “Vira e mexe” estou eu, lá ou cá, tentando terminar ao menos uma. Sempre que converso com alguém sobre jornalismo, sobre meus textos, esse assunto vem à tona, como a espuma do chopp que bebo na mesa do bar, onde, geralmente, muitas das minhas crônicas são criadas. Não, não escrevo (muito) nos bares. Seria filosofia de boteco (ou de buteco, cá nas Minas Gerais). Lá eu apenas direciono, anoto um ponto ou dois, organizo e desenho a crônica na cabeça. O resto é em casa – ou no ônibus, a caminho da faculdade, como esta que você lê agora. E que, espero, vou terminar.

Falando em inspiração – e como a procuro –, uma de minhas crônicas prediletas, a da senhorinha na fila do supermercado, veio de um fato que realmente aconteceu: meu encontro com uma simpática senhora às quase-entradas do caixa, achando que eu era de um lugar e não de outro. Não titubeei: saí do local afirmando: “Isso dá uma crônica”.

Pra se escrever uma crônica não carece de estudo, não precisa dinheiro e nem condição social elevada. Pra se escrever uma crônica basta um olhar atento, uma mente aberta e alma inspirada. “Cabeça elétrica e coração acústico”, como diria Fernando Anitelli, um cronista musical que é, também, um referencial. No meu caso, preciso, ainda, de mais uma coisa: um notebook ou tablet. Odeio escrever no papel. Mas escrevo, se precisar.

Opa! Cheguei ao último parágrafo. Parece que a crônica vai sair... Agora o desafio é terminá-la. Então, pra encher o pequeno espaço e findar a literatura, quero mandar “um beijo pro meu pai, pra minha mãe e pra você”, como diria a molecada que frequentava o “Xou da Xuxa” na década de 90. Ok. Parágrafo completo, missão cumprida. É o fim da crônica, inteira dessa vez... Ufa!

RhNeto

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